- TÃO TEIMOSO QUANTO O PAI!
Pai e mãe são modelos a serem seguidos. Por isso, é sempre bom destacar as qualidades de cada um deles, não os seus defeitos. Mas o ideal mesmo é evitar comparações. A criança pode se sentir presa a um modelo, o que impede o desenvolvimento de sua própria personalidade.
- SEU PAI NÃO PRESTA! ELE NEM VEIO TE VISITAR!
Usar o filho para descarregar a raiva contra um ex-companheiro do que se pensa. Isso não quer dizer que o casal precise fingir que ainda se ama, pois os filhos são suficientemente espertos para perceber que não existe mais amor entre os pais. Mas eles precisam saber que continuam a ser amados da mesma forma pelos dois. Do contrário, pode até desenvolver a fantasia de que são culpados pela separação.
- DE QUEM VOCÊ GOSTA MAIS: DO PAPAI OU DA MAMÃE?
Perguntas desse tipo tem o único objetivo de massagear o ego do adulto e acabam gerando conflito para a qual a criança não está preparada. Entre os 3 e os 5 anos, os pequenos desenvolvem uma atração inconsciente pelo genitor do sexo oposto, o que é natural e importante para formação de sua identidade sexual e seu amadurecimento psíquico. Pode ocorrer também que, no momento da pergunta, eles tenham acabado de levar uma bronca do papai e, obviamente, estejam gostando muito mais da mamãe, ou vice-versa. Seja qual for a situação, qualquer resposta vai despertar um sentimento de culpa na criança.
- OLHA QUE O PAPAI NOEL NÃO TRAZ PRESENTE!
Comprar o bom comportamento é, literalmente, um mal negócio. É por meio do exemplo recebido em casa que seu filho deve construir os valores morais e éticos, independentemente das vantagens materiais que possa obter delas.
- SUA (SEU) IRMÃ (O) VAI TÃO BEM NA ESCOLA E VOCÊ NÃO!
Nada mais inadequado do que comparar qualquer desempenho ou atitude de seu filho com o (a) de um (a) irmã(o). Claro que ele ficará enciumado, perceberá o irmão como um rival e não melhorará a sua performance nos estudos a partir disso. Ao contrário, provavelmente vai sentir-se inseguro e pouco estimulado. E, de quebra, ainda pode resolver marcar a diferença piorando o seu desempenho. Lembre-se: nenhuma criança é igual à outra, mas todas podem ser incentivadas a desenvolver seu próprio potencial.
- NÃO SEI E NÃO ME AMOLA!
Muitos pais temem passar uma imagem de fragilidade para a criança e disparam logo uma frase agressiva para não reconhecer sua ignorância em determinados assuntos. Seja honesto. Você pode dizer que não sabe, mas, assim que tiver tempo, vai pesquisar. Ou, melhor ainda, chamar seu filho pesquisarem juntos.
- VOCÊ É CRIANÇA, NÃO ENTENDE DISSO!
Pode até ser que o assunto em discussão não devesse ser comentado com as crianças. Nesse caso, elas nem deveriam estar presentes na conversa. Mas, se isso ocorreu, procure esclarecer suas dúvidas da melhor maneira que puder.
Esses tipos de frases e comportamentos dos pais são em geral decorrentes de dificuldades psicológicas deles próprios em exercer tais papéis, e acabam comprometendo a auto-aceitação e provocando sofrimento emocional aos filhos. Como consequência, comprometem o lado emocional da criança e prejudicam seu desenvolvimento.
Infelizmente, esta é a forma menos divulgada de violência doméstica e de difícil caracterização, porque não deixa marcas visíveis de comprovação imediata, mas se torna o modo mais comum de dominação dos pais sobre os filhos, porque esbarra na questão do processo de educação familiar, nas normas internas, no caráter disciplinado e do poder das leis e dos costumes herdados socialmente, que partes do pressuposto de que os pais são livres e autônomos para educar seus filhos conforme suas crenças, convicções, valores e estilos de vida.
A criança ou adolescente, por sua vez, acredita que é merecedor dessa agressão e sente-se culpado pelos sentimentos de raiva, agravados pelo conflito amor-ódio que sente em relação aos pais, vistos como fontes de proteção e autoridade e, ao mesmo tempo, de humilhação. Quando a auto-imagem da criança fica prejudicada e esta se mostra passiva, afirmando que é merecedora de tal agressão a trata assim porque "quer o seu bem", a vitimização psicológica completou o seu ciclo e estabelecida, ficando mais difícil intervenção no sentido de resgatar-lhe a dignidade. Mas é sempre possível intervir, por meio de uma analise do contexto familiar e do acompanhamento psicológico à criança e aos pais, a fim de de que se estabeleçam o dialogo e o afeto.
Viviane Manhães